Filho de advogado assassinado: desabafo nas redes sociais
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- Criado em Terça, 20 Maio 2025 12:26
Sete meses após o assassinato brutal do advogado criminalista José Lael Rodrigues Júnior, um novo capítulo emociona e traz à tona a dor da família. Desta vez, pelas palavras do próprio filho. Sobrevivente ao atentado, Gulherme Bourbon publicou desabafos inéditos em seu perfil nas redes sociais. Os prints, obtidos com exclusividade por este site, revelam a profundidade do trauma e a força de quem tenta seguir em frente mesmo carregando traumas dos estampidos das balas e uma ausência irreparável.
“Meu sonho era que no final fosse tudo um pesadelo”, escreveu o jovem, que também foi baleado no dia 18 de outubro de 2024, no Bairro Garcia, zona sul de Aracaju, quando acompanhava o pai para comprar açaí - a pedido da madrasta, hoje principal suspeita de ter encomendado o crime.
As mensagens, carregadas de dor, solidão e afeto, mostram que o luto ainda é recente, vivo e cruel. “Sete meses sem você, pai. Mas a tua voz, tua força e tua honra continuam falando alto dentro de mim. Eu sigo. Por mim. Por ti”, escreveu Guilherme num texto publicado em 18 de maio, marcando o sétimo mês da morte do pai.
A repercussão desses relatos ganha força no mesmo momento em que a médica Daniele Barreto, viúva do advogado e acusada de ser a mandante do crime, teve a prisão convertida em domiciliar por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Ela usará tornozeleira eletrônica e terá que cumprir medidas restritivas, como não manter contato com os demais acusados.
A emboscada
José Lael foi morto com três tiros enquanto estava dentro do carro com o filho, que também foi atingido, mas conseguiu dirigir até um hospital. Segundo as investigações, a médica teria usado a rotina doméstica como isca: pediu que o marido saísse para buscar açaí, e então repassou sua localização aos executores. A ação foi registrada por câmeras de segurança e detalhada pela Secretaria de Segurança Pública.
Sete pessoas foram presas, incluindo a secretária e a amiga da médica, que aparecem em imagens conversando com os criminosos antes do assassinato. A polícia trabalha com a hipótese de crime premeditado, motivado por interesses pessoais e patrimoniais.
Silêncio rompido, justiça esperada
O filho, que até então vinha se mantendo reservado, escolheu o Instagram para falar sobre a dor que sente e a luta para manter viva a memória do pai. “Levaram seu corpo, mas não conseguiram apagar sua luz dentro de mim. É ela que me guia. É ela que me faz continuar, mesmo ferido, mesmo em pedaços.”
A publicação tocou profundamente amigos, seguidores e colegas da vítima, entre eles a advogada Vivile Lessa, que comentou: “Pior que as balas no corpo foi a que cravaram no seu coração com essa perda”.
Guilherme Bourbon, sócio do escritório e amigo próximo de Lael, também prestou homenagem: “Tive a sorte de ser sócio do ‘Advogado sem clientes’ antes de tirarem sua vida. Foi uma parceria incrível. Me dói demais lembrar que não poderemos mais fazer isso juntos.”
O peso da ausência
A narrativa do filho, lembranças, saudade e resistência. O jovem mostra como a violência ultrapassa o momento do crime e se instala no cotidiano de quem fica. Em um dos trechos mais fortes, ele afirma: “O amor que ele me deu e a dor da sua ausência me tornaram alguém que jamais será silenciado.”
Enquanto o caso segue em investigação e a defesa da médica tenta reverter as acusações, a voz do filho surge como um apelo por justiça - não apenas nos tribunais, mas na preservação da verdade, da honra e da memória de um pai que, segundo ele, “jamais partiria por vontade própria”.