22ª Parada LGBT+ de Sergipe será lançada no dia 29 de julho
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- Criado em Quinta, 27 Julho 2023 05:19
Aracaju se prepara para a 22ª Parada LGBT+ de Sergipe, realizada pela ONG Astra LGBTQIA+ em parceria com entidades do movimento social. O evento acontece no dia 27 de agosto, na Orla de Atalaia. Esse ano, a manifestação festiva quer chamar a atenção da sociedade e do poder público para a importância de enfrentar a violência e garantir direitos e cidadania para a população LGBTI+, com o tema “Movimento por melhores políticas públicas”.
Para marcar o início das festividades, haverá uma festa de lançamento da Parada na próxima sexta-feira, 29, a partir das 23 horas, na boate Macaw, na Coroa do Meio. A noite conta com a coroação da drag queen e musa oficiais da Parada, apresentações e performances das drags Vanubia The Queen e Samarah Tornado.
No line up, DJ Drag Bree e DJ Jorge, residente da Macaw, pocket show de Bruna Leão, que prestará um tributo à Lady Gaga, e a energia contagiante de Osmar Noyá.
Melhores políticas públicas
A 22ª Parada LGBT+ de Sergipe acontece em um momento crucial na luta por direitos da comunidade LGBTI+. De acordo com uma pesquisa realizada pela Aliança Nacional LGBTI+ através do Programa Atena em 26 estados e no Distrito Federal, a questão das políticas públicas para essa população ainda é preocupante em diversas regiões do país.
Os dados apresentados em audiência pública da Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, no último mês de junho, mostram que das 27 unidades federativas, 19 não possuem um plano ou programa específico voltado para a população LGBTI+. Os Estados que obtiveram as melhores notas nessa pesquisa foram o Rio de Janeiro (4,6), Mato Grosso do Sul (3,9), Espírito Santo (3,9) e o Distrito Federal (3,7). Por outro lado, Acre (2,1), Tocantins (2), Roraima (1,6) e Rondônia (1,6) ocuparam as últimas posições.
A situação é ainda mais alarmante quando se constata que 16 governos estaduais registraram nota mínima em quesitos fundamentais, como a existência de um órgão gestor de política LGBTI+, a presença de um conselho estadual com representantes da categoria e a implementação de um plano ou programa específico.
Em alguns Estados, a pesquisa aponta que não há sequer uma estrutura para o atendimento da população LGBTI+. Em relação a leis importantes, como o uso do nome social por transexuais e travestis, apenas 52% das unidades da Federação têm legislação nesse sentido. Somente 51% estabelecem penalidades administrativas por preconceito de sexo e orientação sexual.
Sergipe: luta por políticas públicas completas
Sergipe ficou em 13º lugar no ranking geral da pesquisa, com uma pontuação média de 2,7. Tathiane Araujo, presidente da Astra e coordenadora da Parada, destaca que o evento tem sido um importante sinalizador das necessidades de políticas públicas no Estado desde sua primeira edição.
Tathiane observa que o governo atual oferece serviços pontuais que não configuram uma política pública completa, como a retificação de nome de pessoas trans, uma conquista do movimento social. Falta de uma discussão responsável sobre identidade de gênero e orientação sexual na área da educação. “Recentemente, vimos o governo atual se posicionando contra a participação de uma pessoa trans em atividades esportivas, o que deixa nítida a necessidade de compreensão sobre as pautas LGBT+ e não só postar nas redes sociais vídeos de ações triviais, buscando visibilidade, porém sem o real compromisso com nossa população”, ressalta.
Tathiane Araujo foto: Instagram
Sobre a Parada LGBT de Sergipe
A primeira Parada LGBT de Sergipe foi realizada há vinte anos, como um evento desacreditado pelos gestores públicos, que desejavam que a festa fosse fechada, como um baile de carnaval. Em julho de 2002, contra toda ignorância e tentativas de boicote, a primeira Parada LGBT de Sergipe aconteceu na Passarela do Caranguejo, na orla de Atalaia, com a adesão de algumas dezenas de pessoas marchando atrás do trio na avenida.
Hoje, a Parada é a maior manifestação de rua de Sergipe e faz parte do calendário cultural do município de Aracaju, pela Lei nº 3730, de 30 de junho de 2009. O evento, que levou 160 mil pessoas à Orla de Atalaia em 2019, movimenta o turismo da cidade e promove políticas públicas de visibilidade e inclusão a cada ano.
Em 2020 e 2021, com as medidas restritivas de isolamento social por causa da pandemia de Covid-19, a Parada aconteceu de forma virtual. A programação transmitida pela internet através do YouTube nesses dois anos somam mais de dezoito horas de conteúdo sobre a história do evento, conquistas do movimento LGBT sergipano, depoimentos e entrevistas de militantes locais e nacionais, além de diversas apresentações culturais. As duas transmissões totalizam hoje mais de 13 mil visualizações.
Em 2022, a 21ª Parada LGBT de Sergipe marcou o retorno do evento à orla de Atalaia, com o tema “Vote colorido: Dê vez à nossa voz”. A grande novidade ficou por conta do palco (SOBRE)VIVER, atendendo ao desejo do público de ter uma programação além dos trios elétricos. Localizado no estacionamento da praia da Cinelândia, ao lado da Passarela do Caranguejo, o palco foi uma adição muito bem-vinda, permitindo uma ampla programação cultural com artistas independentes, entre cantores, bailarinos e drag queens, além dos tradicionais trios elétricos. A orla de Atalaia foi tomada pela celebração e representatividade da comunidade LGBTQIA+ no estado.
Foto: André Moreira
Sobre a ASTRA LGBTQIA+
A ASTRA – Direitos Humanos e Cidadania LGBTQIA+ é uma instituição não-governamental fundada em 2001, em Aracaju. Atua desenvolvendo diversas atividades na busca da cidadania e garantia dos Direitos Humanos. A Astra foi reconhecida como entidade de utilidade pública, através da Lei nº 5.918, de 9 de junho de 2006.
Desde 2002, a ASTRA coordena a realização da Parada LGBT de Sergipe, agregando entidades do movimento LGBTQIA+ de Sergipe e membros voluntários, organizados em comissões específicas.